* Não há um abismo entre o pensamento e a ação. A concepção já é um começo de ação.
* Não há que se conquistar o poder, há que se destruí-lo. É tirano por natureza. Seja exercido por um rei, um ditador ou um presidente eleito. A única diferença no caso da democracia parlamentar é que os escravos tem a ilusão de escolher, eles próprios, o mestre que deverão servir. O voto os fez cúmplices da tirania que os oprime. Eles não são escravos porque existam mestres, mas sim, os mestres existem porque eles escolheram manter-se escravos.
* Votar é abdicar.
* Os que souberem despertar o espírito de iniciativa nos indivíduos e nos grupos, os que chegarem a criar nas suas relações mútuas uma ação e uma vida baseadas nestes princípios, os que compreenderem que a variedade, o próprio conflito, são a vida, e que a uniformidade é a morte, trabalharão não para os séculos futuros, mas verdadeiramente para a próxima revolução.
* O mais poderoso desenvolvimento da individualidade, da originalidade individual só pode produzir-se quando as primeiras necessidades de alimento e de moradia forem satisfeitas, quando a luta pela existência contra as forças da natureza for simplificada e quando o tempo não for mais tomado pela mesquinhez da subsistência cotidiana — a inteligência, o gosto artístico, o espírito inventivo, o gênio inteiro podem desenvolver-se à sua vontade.
* O reino social deve pautar-se por uma ordem que existencialize a igualdade, o auxílio, pois no mundo animal e humano, alei do apoio mútuo é a lei do progresso.
* Tudo quanto no passado constitui um elemento de progresso ou um instrumento de aperfeiçoamento moral e intelectual da raça humana, foi devido à prática do apoio mútuo, aos costumes que reconheciam a igualdade dos homens e os levavam a aliar-se, a associar-se para produzirem e consumirem, a unir-se para defenderem, a federar-se e a reconhecer como juízes, para resolver as suas querelas, somente os árbitros escolhidos de seu próprio seio.
* Sabemos que nós próprios não somos sem defeitos, e que os melhores dentre nós seriam depressa corrompidos pelo exercício do poder. Tomamos os homens pelo que eles são, e é por isso que odiamos o governo do homem pelo homem e que trabalhamos com todas as nossas forças para destruí-lo.
* Longe de viver em mundo de visões, e de imaginar os homens melhores do que são, vemo-los tais como eles são, e é por isso que afirmamos que o melhor dos homens torna-se essencialmente mau pelo exercício da autoridade, e que a teoria da “ponderação dos poderes” e do “controle das autoridades” é uma fórmula hipócrita, fabricada pelos detentores do poder para fazer o “povo soberano” - que eles desprezam – crer que é ele quem governa.
* O trabalhador sente vagamente que nosso poder técnico atual poderia dar a todos um amplo bem-estar, mas também percebe como o sistema capitalista e o Estado impedem em todos os sentidos a conquista desse bem-estar.
* Essa concepção e esse ideal de sociedade não são decerto novos. Pelo contrário, quando analisamos a história das instituições populares — o clã, a aldeia, a comuna, a união de ofícios, a guilda, e mesmo a comuna urbana da Idade Média, no seu começo — encontramos a mesma tendência popular para construir a sociedade nesta ideia; tendência que foi sempre entravada pelas minorias dominadoras.
(Piotr Kropotkin - geógrafo anarquista)